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sábado, 20 de fevereiro de 2010

COMUNICANDO

Obrigado por acessar o CRIANDO PAUTA. Um excelente final de semana! Na segunda-feira, é dia do ENTREVISTANDO. E não esqueça: toda quinta-feira, o INTERAGINDO abre espaço para o seu texto. Envie para criandopauta@hotmail.com

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

REFLETINDO

Cuidado com o chifrudo

João Ricardo Correia
Jornalista

        O diabo existe e tem muitas facetas. A personificação desse sujeito sem futuro é um camarada feio, de pele avermelhada, chifrudo, barbicha de bode, orelhas grandes e pontudas, com rabo e carregando um tridente pra lá e pra cá. Mas o danado é esperto. Pode vir disfarçado numa bela mulher, num homem escultural. O capeta troca de roupa, de pele, de forma, com uma facilidade tamanha. Está pronto para seduzir negativamente, para esculhambar, para quebrar regras, para desvirtuar, para imprimir o que é diabólico na sua, na minha vida.

        Cabe a cada um de nós ter a sensibilidade suficientemente aguçada para detectar essa presença maligna e mandá-la para bem longe. Qualquer deslize é fatal. Quando nos descuidamos, quando oferecemos ao mal elementos que o agradam, como o ódio, a inveja, os vícios, a deslealdade, a infidelidade, a falsidade, a hipocrisia, lá vem o demônio fazer festa em nossa casa, em nosso ambiente de trabalho, em nosso coração. Ele chega pedindo licença, educado, sem deixar transparecer suas reais intenções. É igual às drogas, que possibilitam uma falsa sensação de relaxamento, de bem estar, até que passam a dominar as situações, a impor seus desejos, destruindo milhões de pessoas mundo afora. Desconfie, portanto, de tudo que é muito agradável, “oferecido”. Facilidades, quando não bem assimiladas, têm um potencial enorme de provocar tumultos, criar conflitos, corromper.

        Revista-se sempre com a sua condição de filho de Deus. Não importa qual a religião que você acredita. O que importa é que você entregue sua vida, sua forma de agir, ao Ser supremo que nos alimenta espiritualmente e nos ama de maneira incondicional, sem pedir nada em troca. Amando os piores, abraçando os mais fedidos, agradando os mais violentos, porque a única certeza que podemos ter é que somos todos iguais. O que nos difere é a “embalagem”, mas o conteúdo corporal é exatamente o mesmo, com tempo de validade a expirar a qualquer momento. Para termos mais uma prova do quão somos incapazes de decidir pela nossa vida, basta admitirmos que nem sabemos se daqui a um segundo estaremos vivos! Não é verdade? Somos corpos irremediavelmente frágeis!

        Então, o que nos leva a buscar o mal? O que nos faz caminhar por trilhas perigosas, colocando em risco nossa família? Que gosto têm os sentimentos mesquinhos que só nos fazem regredir como pessoas? Qual o objetivo de desejarmos mal a alguém, quando podemos acolher os mais necessitados? Se não temos vinho importado para oferecer, que ofereçamos um copo de água, para muito mais que matar a sede, servir para apagar o fogo do inferno que acaba com o coração.

        Não esqueça. O diabo existe e pode estar aí, pertinho de você. Mas ele reagirá de acordo com a forma que você tratá-lo. Se você prefere acreditar que ele não existe, aí que ele encontrará caminhos para chegar até você, mais enfeitado que burro de cigano. Entretanto, se você analisar bem as situações e pessoas que te cercam, saberá muito bem identificar o diabólico que existe e passará a se precaver contra as suas investidas.

        Força. Fé em Deus! O time do inferno está doidinho pra fazer um gol em sua vida. Reforce sua equipe e prossiga no jogo pela sobrevivência. Seu corpo é um território sagrado. Permita entrar nele somente quem venha agregar valor à sua existência. O resto é material, estraga com o tempo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

INTERAGINDO

Cartas para Mel - VI
A droga que atrasa e a graça que liberta

Flávio Rezende
É escritor, pai de Mel e Gabriel e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)


        Minha doce a amada Mel, estamos atravessando o período carnavalesco do ano 2010, data que marca alguns acontecimentos muito importantes da vida de painho, motivo pelo qual escrevo esta carta hoje, para que possa servir de reflexão para você no futuro.

        Exatamente 30 anos atrás, seu pai começava, aos 18 anos, vivências na área da recreação emolduradas pelo consumo liberado de bebidas alcoólicas. Era o tempo da cerveja gelada com ovo de codorna e batata frita. Tendo um dinheirinho a mais, saia um filé com fritas ou caipirinha com calabresa de tira gosto.

        Com os hormônios em ebulição, o rock tocando nos aparelhos de som - bem diferentes dos que deve estar usando quando ler esta carta - curtíamos festas embaladas pela onda “discoteca” e por pesos pesados do rock internacional, como Santana, Yes, Pink Floyd, Janis Joplin, Beatles, Elvis, Rick Wakeman e tantos outros igualmente eleitos à época.

        Influenciado por alguns amigos, seu pai experimentou e passou a usar cigarro, maconha e loló. No começo de maneira esporádica, de acordo com as sobras da mesada, sempre mais direcionada naquele tempo para a “birita” mesmo.

        O tempo foi passando e outras substâncias foram chegando, recebendo guarita de uma parte dos jovens, estando seu pai no meio. A cocaína foi a mais devastadora destas drogas que chegaram e foi, infelizmente, lentamente se instalando entre nossa geração.

        Apesar do consumo ser recreativo e com um pano de fundo cultural e social, o tempo passou e poucos conseguiram largar. O que era algo eventual começou a ser usual e, o que era uma diversão, começou a ser um grande problema.

        Nos anos 90, comecei a ter interesse por questões espirituais e estive na Índia, conhecendo Sai Baba, chamado de “guru” daquela abençoada terra, incorporando assim em minha vida interesses outros e, começando também, um forte desejo de deixar tudo: álcool, tabaco, maconha, cocaína e até o consumo de carnes em geral e açúcar branco.

        Minha linda Mel, seu pai passou 20 anos de uma maneira ou de outra consumindo as substâncias acima descritas. Mesmo sendo tendente ao bem, nunca prejudicando uma outra pessoa, as drogas de alguma maneira, inutilizam vidas e atrasam projetos.

        O uso contínuo de uma ou de várias drogas, de maneira mais acentuada ou leve, conduz os usuários à prática da mentira, ao egoísmo, à perda de memória, desagregação familiar, uso inadequado de veículos, sexo irresponsável e a uma série de outras ações, sempre negativas e perigosas.

        Doce Mel deve ter, é claro, alguém que vem nessa balada há muito tempo e nunca aconteceu nada, nem a nível individual, com sua própria saúde, nem causou nenhum mal a coletividade. Esses poucos alguéns são raros.

        Durante os vinte anos em que estive envolvido, mesmo que de maneira leve e recreativa com essas substâncias, enterrei alguns amigos, presenciei acidentes, brigas, roubos, prisões, ouvi muitas mães aflitas, mulheres com lamentos e filhos órfãos da presença dos pais.

        As drogas tornam as pessoas egoístas em todos os níveis, fechadas, estressadas, sem saúde e com mania de perseguição. Ela destrói lentamente e, às vezes, aceleradamente, todas as grandes conquistas de um ser humano: a serenidade, a família, o trabalho, a disposição de ajudar o próximo e o amor universal.

        Sabendo que a cada nova droga incorporada morria um pouco do que ainda tinha de bom dentro de mim, comecei a ficar cada vez mais incomodado com os goles, as tragadas, as cheiradas e as noitadas sem fim.

        Numa terça-feira carnavalesca, dez anos atrás, no ano 2000, cheirei cocaína em Pirangi e voltei para casa. Não consegui dormir. Sozinho, virei na cama para lá e para cá, agitado, sem fôlego tentava e não conseguia. Aflito olhei o retrato de Sai Baba na parede e supliquei com força, “Swami me tira desse imprensado, não quero mais usar nenhuma droga, por favor!”.

        Minha querida e doce Mel, o que chamam de uma graça, um pedido atendido, um milagre, aconteceu com seu painho. Da quarta-feira de cinzas do ano 2000 até hoje, este carnaval de 2010, nunca mais, em tempo algum, usei mais nenhum tipo de droga.

        A alegria com a vitória foi tanta que fui deixando outros vícios como cigarro e até a carne. Hoje, painho luta para não usar mais açúcar branco e derivados do leite e ovo. Como já lhe disse em outras cartas, eu e sua mãe somos ovo-lacto-vegetarianos, mas quero me tornar um vegano, não comer nada de origem animal.

        Ainda temos várias coisas a serem deixadas de lado, nada do que fica para trás deixa saudade. Avançamos felizes e saudáveis abandonando vícios e posturas que não nos fazem bem.

        Deixo esse alerta para você e para Gabriel, pois as drogas atrasaram minha missão espiritual com a Casa do Bem em vinte anos. Hoje tudo já estaria bem mais adiantado caso tivesse dito não às drogas.

        Mas estou bem. Estou firme e feliz. Retomei a missão dez anos atrás, muitas coisas maravilhosas aconteceram e milhões de outras acontecerão.

        Sobrevivi e digo para você e para toda a sua geração que o poder das novas drogas é mais devastador ainda. As do meu tempo mataram muitos, destruíram outros moralmente e desestabilizaram muitos socialmente.

        Mel, as novas drogas viciam ao primeiro contato. No seu tempo devem ser potencialmente mais fortes. Assim como muitos trabalham pelo bem, outros tantos inventam e fabricam a morte para ficar mais ricos.

        Não siga por este caminho. A vida é muito mais colorida sem drogas. A vida é muito mais saudável sem psicotrópicos. A vida é muito mais interessante quando estamos serenos, tranqüilos e conscientes do que estamos fazendo.

        Hoje estou mais vivo que ontem e, amanhã, estarei mais disposto e mais eficiente para a prática do bem. Vem comigo, eu e sua mãe convidamos você e Gabriel para viver a vida de maneira clara, brilhante, cheirando apenas as rosas e fumando só o ar, o puro ar que vamos buscar onde ele estiver.

        Você decide, falo por experiência própria, não vale ir por este caminho, a luz está na sobriedade, na verdade, no amor pela família, pelos semelhantes e por um corpo saudável e limpo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

REPORTANDO

Exportadores querem vender 30% mais de frutas para Europa

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil


        Rio de Janeiro – Há espaço para as frutas brasileiras no mercado europeu. É o que garante a gerente executiva do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), Valeska de Oliveira, que trouxe importadores de Portugal para conhecer o setor, durante o carnaval. A expectativa é estimular, nos próximos dois anos, um crescimento de 30% nas exportações para a Europa.

        Atualmente, o Brasil vende para o exterior cerca de 2% da produção nacional, que é de 43 milhões de toneladas por ano. As exportações de frutas e polpas somam cerca de U$ 600 milhões, anualmente, mas podem crescer com a maior visibilidade de produtos no exterior. É o que defende o gerente comercial da Eurofrutas – uma das maiores importadoras europeias, André Paixão. “O Brasil tem a melhor fruta da América Latina”, disse.

        Frutas frescas como o mamão papaya, a manga e a goiaba são as grandes apostas do setor, assim como alimentos processados na forma de sucos, geleias e até a brasileiríssima goiabada. “Eles [europeus] estão interessados no diferencial de sabor e o Brasil apresenta uma diversidade. Além disso, investem em qualidade de vida e vender frutas é vender saúde”, disse Valeska.

        Depois de uma semana de atividades promovidas em conjunto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex-Brasil), no Rio, Valeska vai levar os empresários portugueses para conhecer indústrias em São Paulo, Vitória, Natal e Fortaleza, a partir de quarta-feira (17), onde eles poderão conhecer o processamento das frutas e o envase para exportação.

        “O Brasil tem tecnologia e profissionalismo. Tem mão de obra qualificada. A exportação de frutas é um trabalho muito delicado de preparação, que requer conhecimento em técnicas de produção e logística”, destacou a gerente do Ibraf.

        Um dos principais interessados nas frutas brasileiras e um dos maiores compradores do mercado europeu, a Eurofrutas reconhece o potencial brasileiro. O gerente comercial da empresa portuguesa avalia que esses produtos ainda são pouco conhecidos na Europa, mas que, a cada ano, cresce a procura e as importações.

        “Existe uma grande tradição do consumo de frutas tropicais em Portugal, que remonta o período colonial e faz do país o maior consumidor do produto na Europa. Mas há um crescimento da procura por frutas brasileiras no Norte da Europa, no Reino Unido e na Espanha”, afirmou.

        De acordo como gerente português, o desafio é fazer chegar ao mercado externo frutas maduras, de boa qualidade, que preservem o sabor tradicional. “Antes, se importava frutas verdes, sem os devidos cuidados. Estamos começando a mudar isso. Nós só importamos de avião para garantir a qualidade”, afirmou.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

ENTREVISTANDO

Circo Grock: uma fábrica de talentos

        Senhoras e senhores, bem vindos ao maravilhoso mundo cor circo! No "espetáculo" de hoje, a repórter Silvia Correia conta um pouco da história do famoso palhaço Espaguete, na entrevista com Jonilson José de Moura, o Nil Moura, responsável pelo Circo Grock. Nil, que também atende pelo nome de Palhaço Espaguete, tem 41 anos e se formou em 1990, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no curso de teatro. Ele tem também especialização na arte do circo pela National Circus Theater, faculdade suíça localizada na cidade de Maltre.

        Dezesseis anos atrás, um grupo de jovens potiguares – apaixonados pela magia circense – resolveu encontrar algum curso com formação nas artes do circo. Como Natal não poderia ajudá-los a realizar esse sonho, decidiram viajar para a Europa. Lá, se especializaram pela National Circus Theater e trabalharam durante 11 anos. Apesar de todo esse período fora do Brasil, eles sempre retornavam - nas suas férias de três meses - para as raízes e se apresentavam Brasil afora.

        No ano 2000, em uma de suas passagens pela terra natal, os jovens artistas começaram com a ideia da criação de uma escola circense com o teatro Caramelada, que eram oficinas permanentes da arte do circo no Museu Câmara Cascudo. Então, em 2005, eles retornaram da Europa para a capital potiguar e criaram a primeira escola de circo do Rio Grande do Norte. Juntaram os seus cachês para comprar os materiais e equipamentos necessários e começaram as primeiras apresentações do Circo Grock pelo estado para arrecadar mais dinheiro. Era o primeiro passo para a criação da ONG Escola Potiguar de Artes do Circo.

        O grupo teve o apoio da Capitania das Artes, que repassou o material para a concretização do circo. Em 2008 e 2009, se inscreveram no edital de Ponto de Cultura do RN. A estreia aconteceu no largo do Machadão, onde permaneceu por um tempo e dali foi se mudando para outros pontos da cidade, como conjunto Mirassol e Candelária. Hoje, o Grock encontra-se na avenida Omar O'grady (prolongamento da Prudente de Morais), no Pitimbu, próximo ao Parque da Cidade, e é muito mais que uma associação sem fins lucrativos de formação profissional, mas uma entidade que desempenha um papel social.

        Com vocês, a entrevista de Nil Moura:

Criando Pauta – O que é o Circo Grock/ Escola Potiguar de Circo (Epac) e qual o objetivo de vocês?
Nil Moura: É um projeto auto-sustentável, uma ONG, onde nós - artistas especializados nas artes circenses - lecionamos para crianças, adolescentes e universitários com o objetivo de formar profissionais aptos para as artes do circo, aprimorar os circos já existentes e multiplicar o número de profissionais do ramo do circo e resgatar os circos de antigamente sem a pornografia. Só que com tudo isso acabamos por desenvolver um projeto de cunho social.

CP - Quem foram os fundadores? A equipe atual é composta por quantos membros?
NM: Eu e Gena Leão. Depois se associaram Eugênio Patchelli e Ana Cecília. E o restante da equipe é composto por ex-alunos que se tornaram professores.

CP - Por que o trabalho de vocês pode ser considerado de cunho social?
NM: Porque o nosso espaço não só serve para espetáculos circenses, mas também funciona como escola, trabalhando a princípio com crianças e adolescentes com idades entre 10 e 18 anos que estejam matriculados no ensino público da capital. A ideia é ocupar o horário vago do estudante. O fascínio que tentamos passar para os alunos acaba por encantá-los e ajudá-los a sair da marginalidade e/ou a não se desviarem do bom caminho. Buscamos os fazer enxergar o potencial que possuem e com isso, cumprimos um papel social.

CP - O circo sobrevive de quê? Tem patrocínio? Governo e prefeitura ajudam?
NM: Agora contamos com a ajuda do Ministério da Cultura. Esse capital vem do governo que contribui com 20% no projeto Cultura Viva através da Fundação José Augusto. A função dessa fundação é exatamente essa: repassar os recursos para os Pontos de Cultura.

CP - Qual a origem do nome Grock?
NM: Escolhemos esse nome Grock, porque queríamos colocar o nome de algum palhaço brasileiro reconhecido, mas como todos os palhaços mais reconhecidos já possuíam os seus nomes em circo e optamos por colocar Grock, que é o nome do palhaço rei no mundo inteiro. Grock ficou famoso pelo fato de saber realizar a perfeita fusão da interpretação do palco dentro do picadeiro.

CP - O circo Grock se apresenta também fora do Rio Grande do Norte?
NM: Ainda não, a atuação ainda é só dentro de Natal. Mas pretendemos, no futuro, nos apresentarmos por outras cidades do Nordeste.

CP - Qual o perfil do público que vem ao Circo Grock?
NM: O perfil é muito variado. No começo, tivemos uma classe média alta, pois estávamos localizados ao lado do Machadão e o preço também era um pouco elevado por isso. Contudo, hoje, o nosso espetáculo atinge um número expressivo de pessoas de quase todas as classes. Muita gente conhece nosso trabalho.

CP – Como é feita a divulgação do Circo Grock e da Epac?
NM: A divulgação é feita diretamente nas escolas e empresas. Fazemos muito mais espetáculos fechados que para o grande público. Só abrimos para esse “grande público” nos sábados e domingos às 17 horas. Abrimos esse espaço exatamente para haver uma democracia, para que as pessoas da comunidade em que nos encontramos possam usufruir do nosso trabalho.

CP - O espaço do circo é alugado para outros tipos eventos?
NM: Sim. Você tem o aniversário do seu filho e não quer realizar em buffet, compra-se o espetáculo e oferece para toda a família e amigos do seu filho.

CP - O espetáculo é composto por quais números?
NM: As modalidades oferecidas no curso são as de trapézio, pêndulos espaciais, equilíbrio em corda bamba, malabares, arte da mímica e interpretação para palhaços.

CP – Para ser aluno da Epac, o que é preciso fazer?
NM: Basta se inscrever. Nós temos 50 vagas sendo que 30 são destinadas às crianças e adolescentes com idades entre 10 e 18 anos que estejam matriculados no ensino público da capital.

CP - Como fazer para entrar em contato com vocês?
NM: Podem entrar em contato com a gente através dos números: 8817-2630 e pelo 9128-9676 e o 9126-1160. Como outros recursos de comunicação nós temos o Twitter e o Orkut. Contudo, de vez em quando temos um déficit no departamento de comunicação do circo. Mas agora estamos com uma equipe boa e voltamos à ativa nesse setor.

CP – Como o senhor vê as atividades artísticas no Estado? Elas são apoiadas pelo governo? O que falta para os artistas da terra potiguar terem um maior reconhecimento nos outros estados do Brasil e outros países?
NM: Nós temos um déficit muito grande por parte dos gestores, por não entenderem a importância da produção artística na sociedade. Existe ainda uma falta de entrosamento da gestão pública com a gestão artística, com aqueles que fazem a arte acontecer. Existe o recurso, mas falta ainda o entendimento do poder público com a arte e é isso que faz com que a nossa cultura e nossos artistas não se desenvolvam. Contudo, os artistas precisam também saber se organizar, principalmente os de circo. Nós, artistas circenses, começamos a nos organizar no RN agora. Estamos em um momento histórico no Estado, pois estamos a criar fóruns, a discutir questões, a criar assembleias e representatividade por todo o país.

CP – Quando que começou a seu interesse pelo circo?
NM: Meu pai foi funcionário da Câmara dos Vereadores e ganhava muitos ingressos para os espetáculos por causa disso. Então, eu cresci indo muito aos circos. Sempre notei também a minha aptidão para a comicidade e sempre fui extrovertido isso fez que escolhesse o teatro como curso. No teatro, para interpretarmos uma personagem precisamos estudá-la, criar todo um laboratório e as primeiras personagens que interpretei foram os palhaços de circo. Então, comecei a estudar com esses palhaços o que era um palhaço de circo e fui me apaixonando. Só que não somente pelo picadeiro, mas por todo o universo do circo: dos números dos espetáculos à construção da lona do espetáculo.

CP - Como é viver num circo?
NM – É preciso se ter uma paixão muito grande para se viver no circo, as instalações são simples. Contudo, viver no circo é maravilhoso, porque você passa a ter uma visão melhor da realidade. Aprendemos que tudo aquilo que nos apegamos não têm muita importância. Qualquer coisa que nos apegamos ou acumulamos é passageira, mas o que vivemos e fazemos para os outros é o que fica.

CP – Para o senhor, o que é circo?
NM: O circo é uma magia que é feita para explodir na paisagem, gerar toda uma história, criar uma comunicação e passar uma mensagem. O circo tem isso: nasce, morre e renasce a cada novo espetáculo.

CP - O que o senhor acha de circos que utilizam animais em seus números?
NM: Eu discordo da postura desses circos. Ainda bem que essa é uma situação que vem diminuindo. As pessoas já vêem a preservação ambiental como algo de grande relevância. Eu sou a favor dos circos com mais artistas que animais, apesar de não ver problema em números com animais domesticáveis.

CP - Recentemente, o circo foi retirado de Candelária, pela prefeitura. Na época, foi criada uma polêmica. Fale um pouco sobre isso e como vocês conseguiram este espaço, no Pitimbu. Vocês irão se fixar permanentemente nesse novo espaço?
NM: Nós fomos instalados pela gestão anterior da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) em uma área verde no bairro da Candelária. Apesar, de ainda não ser de conhecimento de ninguém que essa era uma área verde, fomos forçados a desocupar o espaço devido a denúncias de moradores juntamente com ao poder público. Contudo, por reconhecer o nosso trabalho e saberem que somos um ponto de cultura do RN, a Semsur forneceu um mapa de Natal para a direção do circo escolher um novo local para se fixar. A escolha recaiu sobre um terreno abandonado aqui, em Cidade Satélite. Quanto a nossa permanência, cabe a cada poder público reconhecer que é o dever deles apoiar projetos como o nosso e a gente paga por esse espaço. Então, é um direito nosso utilizar esse espaço público, é tudo legal e documentado. A única coisa positiva disso tudo foi que, agora, as pessoas acordaram e começam a olhar para o segmento artístico do circo, que não é só festa, é um espaço escolar, de aprendizagem.

CP – E os planos para o futuro?
NM: Os nossos planos é que consigamos ampliar diversos setores da escola inteira. Queremos trazer o filho para a escola, mas também o pai desse aluno para que possamos ampliar o nosso papel social. Mas somos apenas um ponto de cultura, um ponto na paisagem. É preciso muitos mais pontos como esse para que haja uma melhor e maior comunicação.

Nil Moura, fundador do Circo Grock

domingo, 14 de fevereiro de 2010

COMUNICANDO

        Obrigado por acessar o Criando Pauta. Na segunda-feira de carnaval, teremos uma reportagem muito bacana sobre o Circo Grock e uma entrevista com o seu fundador, Nil Moura. Um excelente domingo e até lá.