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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

INTERAGINDO

Beleza fundamental


Arthur Rocha
Estudante do 3º período de jornalismo (UFRN)

       
O que antigamente só era efetivado em artistas famosos e prostitutas de luxo, hoje é tão comum quanto ir ao supermercado. As intervenções cirúrgicas são feitas por homens e mulheres das mais discrepantes idades e nacionalidades com o objetivo de reestruturar o corpo ou o rosto, tornando-se, supostamente, mais felizes. Entretanto, será que a felicidade realmente se encontra por trás das lâminas de um bisturi, canos de lipoaspiração ou aparelhinhos de massagem que derretem gordura?

       
Há indícios de modificações estéticas no ser humano desde civilizações viventes 7000 anos a.C. Nesse tempo, eram feitas pequenas intervenções cirúrgicas, como implantes de dentes. Atualmente, o primeiro lugar nas cirurgias feitas em todo mundo não é para o implante dentário como no Egito antigo, mas sim para as lipoaspirações do século XXI.

       
As tecnologias se desenvolveram tanto que já se é possível alterar a estatura de um indivíduo em até dez centímetros, como também alterar a estrutura da língua para adaptá-la a uma melhor pronúncia no inglês. No entanto, até onde é válido se arriscar numa plástica?

       
Há quem não pense duas vezes antes de fazer uma correção de nariz, queixo, barriga, seios, mandíbula, etc. Contudo, vale ressaltar que qualquer procedimento cirúrgico – seja com finalidade estética ou não – exige o acompanhamento de um bom profissional na área, hospital ou clínica com boas referências, como também é necessário seguir à risca todas as recomendações médicas prescritas, ou seja, nada de querer voltar às atividades cotidianas antes do tempo de recuperação.

       
Os cuidados com a aparência sempre foram presentes na humanidade, todavia sempre existiram os chamados “padrões de beleza” em determinadas épocas e eles sempre se modificaram de acordo com a evolução dos povos, com a mídia, com a mudança dos valores e costumes da sociedade, com a influência das musas do cinema e da TV e com a moda.

       
Como exemplo desses “padrões”, tivemos as mulheres mais rechonchudas do período renascentista - o que representava fartura; a conhecida e apreciada por muitos ainda hoje mulher-violão – cintura fina, quadris largos; e a chamada “mulher-tábua” - com um exacerbado culto à magreza.

       
Foi aí que as modelos, que sempre conquistaram as platéias e passarelas, passaram a conquistar o gosto do povo: Gisele Bündchen, Daniela Cicareli e tantas se tornam as musas e donas da verdadeira beleza. Depois disso, as aulas de aeróbica nas academias de ginástica e as lipoaspirações deslancharam, tornando o culto ao corpo sarado e com músculos definidos o sonho de qualquer um. As academias e spas lotam, o mercado para os personal trainers surge demasiadamente ampliado e os apetrechos milagrosos mostrados na televisão que prometem deixar qualquer um em forma em pouco tempo são vendidos como água no deserto.

       
Mas, independentemente da época, os “padrões de beleza” nem sempre contemplam a maioria das pessoas, tornando a vida delas uma verdadeira ditadura – nada de Era Vargas, falo da Era Bündchen.

       
Desde criança, meninos e meninas brincam com Barbies e Max Steels que, inconscientemente, já ditam modelos a seguir. É desse modo que, cada vez mais precoce, as vítimas dessa ditadura sofrem com doenças já tão conhecidas e divulgadas por veículos comunicativos - a bulimia e anorexia; além de outras, não tão repercutidas, como a vigorexia, drunkorexia e ortorexia.

       
A boa forma, a saúde e a beleza devem ser priorizadas, entretanto a população deveria alcançar esses méritos com exercícios saudáveis e alimentação adequada. O que não ocorre, pelo contrário: as pessoas ingerem alimentos inapropriados e altamente calóricos visando a, posteriormente, retificar a problemática numa mesa de cirurgia, tomando altas doses de remédios ou exagerando na série de exercícios, transpassando seus limites. Não é por acaso que os Estados Unidos não somente são os campeões do maior índice de população obesa do mundo - e quanto fast food! – quanto de execuções de plásticas interventoras e corretivas.

       
A tão famosa frase do escritor Vinícius de Moraes "As feias que me desculpem, mas beleza é fundamental" não deve ser levada tão ao pé da letra. De que adianta estar sempre se enquadrando aos padrões efêmeros da mídia? O importante é ter saúde e se sentir bem consigo.

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