Pesquisar este blog

PARA FAZER COMENTÁRIOS, CLIQUE EM "LINKS PARA ESTA POSTAGEM". PARTICIPE!

.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

REFLETINDO

Tremores na vida humana

João Ricardo Correia
Jornalista


     Os terremotos no Haiti, em desastrosas proporções, os sentidos em algumas cidades do Nordeste brasileiro, em medidas bem inferiores, sinalizam para a fragilidade e a igualdade humana. Ninguém é forte diante da natureza, da força do universo. Ricos e pobres, brancos e negros, todos se uniram em torno de um sofrimento democrático, que veio avassalador, em forma de reações subterrâneas que os estudiosos explicam pra lá e pra cá, mas nada alivia o terror de quem viveu a experiência.

     Nos quatro cantos do mundo, não se falou em outro assunto nos últimos dias. As imagens impressionam, chocam. Adultos e crianças jogados no chão, à espera de atendimento médico, de alimentos, de um abraço, de um afago. Nesse incidente, perderam a vida milhares de pessoas. A maioria nós nem conhecíamos. Alguns militares eram brasileiros. Morreu também a médica sanitarista Zilda Arns, uma mulher que passou a maior parte da sua história defendendo os mais pobres, lutando por dias melhores para as crianças. No terremoto é assim: todos são iguais. A terra treme, revoltada, talvez querendo gritar, espernear, jogar tudo para o alto, como se quisesse falar no ouvido de cada um de nós: acorde!

     Os seres humanos, vez por outra, se deparam com essas situações, quando são chacoalhados pra lá e pra cá, como se fossem pingos d’água num oceano. Metaforicamente, terremotos se manifestam diariamente em nossas vidas. Cada um tem seu dia de sentir o chão tremer, mesmo que na casa do vizinho a aparência seja da mais plena paz.

     Daqui a alguns dias, alguns dirão que “o pior já passou”. Aí volta tudo a ser como antes. O Haiti retornará a sua miséria cotidiana, sobrevivendo de guerras, de desigualdades sociais, suportando o ego de alguns que massacram, inibem, se acham donos dos poderes e que só se curvam diante de terremotos.

     Ninguém sabe o futuro. Precisamos viver bem o hoje, porque o amanhã poderá ser um terremoto. Enquanto você estiver lendo este texto, o teto pode desabar e você nem chegar à ultima palavra. Pessimismo meu?! Não. Realidade. Por isso, temos que administrar bem as nossas vidas, alicerçados em bons exemplos e ações que nos igualem aos nossos irmãos de maneira solidária, olhando-os com olhos de piedade, de misericórdia, de solidariedade. Nunca com desprezo. Somos todos exatamente iguais, idênticos, filhos de um mesmo Pai. A minha dor de cabeça é igual a dor de cabeça daquele cidadão que ainda hoje não comeu nada. A terra que cobrirá o corpo de alguém que esbanja riquezas é a mesma que consumirá o indigente jogado numa vala comum de um cemitério periférico mundo afora.

     Os terremotos estão aí para provar, para quem ainda insiste em pensar o contrário, que somos absolutamente iguais. Hoje, acompanhamos tudo pela televisão, jornais, revistas, internet, rádio. Amanhã, talvez não tenhamos tempo nem de telefonar para as pessoas que amamos para dizer o que estamos passando. Aproveitemos, então, o agora. Para sermos gente de verdade, humanos de verdade. Para nos livrarmos das máscaras da hipocrisia, da falsidade. É hora de assumirmos nosso verdadeiro papel, vivermos um presente com qualidade de vida - para nós e nossos irmãos, para que tenhamos, pelo menos, uma consciência tranquila e paz de espírito para enfrentar os tremores futuros.


Nenhum comentário:

Postar um comentário