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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010


ENTREVISTANDO

José Eudo, um mestre no rádio do Rio Grande do Norte


       José Cleudo de Medeiros Câmara, 54 anos, é natural e Caraúbas e trabalha no radiojornalismo.
       Atualmente, desempenha a função de comunicador nas rádios comunitárias Satélite FM 87,9 e na Rádio FM Nova Parnamirim 87,7. Na Satélite FM apresenta, de segunda a sábado, 5 às 06h45, o “Terreiro da Fazenda”, um forrozão tradicional que abre espaço para os poetas da terra. Logo depois, assume o “Jornal Satélite”, com o resumo das principais notícias do momento. Trabalhou em todas as rádios de Natal, menos na 98, 95 e na recente Clube FM. Quando não estava ao microfone, estava por trás, nos bastidores. Começou anunciando músicas, mas queria entrar em contato com o público, comunicar.        Por seu pai gostar de escutar os noticiários do rádio, desde criança José Eudo (nome artístico) tinha como brincadeira predileta entrevistar as pessoas como se estivesse em um programa de rádio. Foi morar em Mossoró e retornou em 1973, para fazer o segundo grau no Colégio Atheneu Norte-rio-grandense e depois prestar vestibular na UFRN.
        O sonho do seu pai era que ele seguisse a sua carreira de farmacêutico ou prestasse vestibular para engenharia civil, pois tinham parentes trabalhando nesses ramos. Zé Eudo, como é mais conhecido, até chegou prestar vestibular para engenharia civil e economia, que era a grande novidade dos anos 70 devido ao milagre econômico brasileiro, mas nunca perdeu o interesse pela comunicação social, especialmente pelo rádio.
        Submeteu-se ao primeiro concurso, ainda estudante do 2º ano do segundo grau, para locutor anunciador da Rádio Rural, que na época era uma rádio musical. Foi a “pior ansiedade” da sua vida e ele não passou dessa vez, mas não desistir de seguir na carreira de radialista.
        Zé Eudo sempre teve muita admiração pela Rádio Poti, devido à programação de qualidade, mas a primeira oportunidade de estágio surgiu na Rádio Rural, quando ele tinha 16 anos. Da Rádio Rural foi pra Poti, rádio grande e profissional e era onde estavam seus grandes ídolos: Ademir Ribeiro, Gilson Freire, José Antônio, Cassiano Arruda, Glorinha Oliveira. Zé Eudo diz que essa primeira experiência na Rádio Poti foi para ele “uma escola”. Da Poti foi chamado para trabalhar na Cabugi - que era a rádio de grande audiência, na época - pois havia aberto uma vaga com a saída de Carlos Alberto, que havia se desentendido com o grupo político dos Alves, que até hoje dirigem a emissora.
        Então, na Cabugi, ele se sentiu estimulado a aprimorar o conhecimento e decidiu fazer o curso de comunicação social da UFRN. Passou no vestibular e como o curso era pela manhã, passou a estudar de manhã e estagiar de tarde.
        Este é um pouco da história desse comunicador, que recebeu a repórter Silvia Correia, sexta-feira passada, na Satélite FM.



Criando Pauta – Cite um momento importante da sua carreira.
José Eudo: Vivenciei a chegada da FM no Rio Grande do Norte. Mesmo estando bem na Cabugi, tive vontade de ir e trabalhar com as FMs também, avançar na profissão. Então, resolvi ir e fiz parte de uma das equipes de locutores pioneiros do Estado.


CP -
Quando as emissoras de FM chegaram ao RN, muitos diziam que seria o fim das AMs. No entanto, muitas persistem com seu trabalho. Como o senhor define as emissoras de rádio AM do Estado? Qual sua avaliação sobre elas?

JE:
As AMs perderam o seu prestígio e audiência com a chegada das FMs, que deram qualidade estéreo ao som, mas elas ainda não perderam o seu papel no jornalismo de cidade, economia e, principalmente, no jornalismo esportivo.



CP -
O senhor é considerado entre os radialistas mais novos como um professor, diante da sua experiência. E quem foram seus mestres na universidade e na profissão?

JE:
Cassiano Arruda, Jânio Vidal, Otêmia, Vicente Serejo, Carlos Lira, o sociólogo Spinelli. E muitos desses professores continuam a lecionar na UFRN. Já na profissão foi Assis de Paula. Considero que ele foi o padrinho da minha carreira, pois me orientava, incentivava e valorizava. Mesmo quando deixei de trabalhar com ele, ele continuou a me acompanhar.



CP -
Como jornalista, o que o senhor pensa sobre o fim da exigibilidade do diploma para o exercício da profissão?

JE:
Sou contra. Além da parte técnica, uma coisa que dou grande valor ao curso são as noções de antropologia, filosofia, sociologia aprendidas pelos estudantes. Sem falar na ética adquirida. Isso nos ajuda a melhorarmos como profissionais e nos torna mais ecléticos e multifuncionais, pois saímos com uma noção de todas as áreas do jornalismo, radialismo, etc.



CP -
O que o senhor acha das emissoras que "importam" programação, deixando de investir na programação local, o que resulta em muitos profissionais desempregados?

JE:
Sou completamente desfavorável à postura dessas emissoras. E quem faz isso, principalmente, são as AMs. Ao invés de estarem alertando a população dos problemas locais, ficam noticiando os problemas de trânsito do Rio de Janeiro ou de São Paulo. É uma pena que façam isso e não saibam utilizar todo o poder denunciativo e persuasivo que o rádio tem.



CP –
Qual é a grande importância das rádios comunitárias?
JE
: A proximidade com a comunidade. É a rádio facilitando a vida do cidadão, como também servindo de entretenimento. O que tá salvando as rádios de Natal hoje são as comunitárias, que possuem uma programação diversificada que vai da religião a política.


CP -
Enquanto estados como Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo têm programação de AMs tão intensas, qual o motivo do mesmo não acontecer no Rio Grande do Norte
JE
: Eu não sei o que se passa na cabeça dos nossos dirigentes. Eles alegam que o mercado publicitário não atende às expectativas das direções das rádios, ou seja, o publicitário local não daria a devida importância às rádios AM, ou ao jornalismo popular dessas rádios. Mas isso é uma questão de tempo, par haver o convencimento das direções dessas emissoras.


CP –
Será que essa pouca valorização do jornalismo local não poderia ser agregada ao fato da divisão desses cursos - publicidade, radialismo e jornalismo - nas universidades? Antes, como o senhor falou, o aluno saía com o conhecimento prévio em toda a área da comunicação social.

JE:
Não acredito nisso. O aluno pode até sair com o conhecimento prévio de tudo, mas é uma questão de interesse dele se especializar em um ramo da Comunicação. Vai muito pela aptidão de cada um. Eu, por exemplo, de jornalismo impresso ou técnicas de televisão aprendi muito pouco, pagava as matérias só para completar o currículo, mas nunca me interessei. Se fosse hoje, eu teria optado a fazer radialismo. Essa divisão só veio para atender aos interesses dos estudantes, o que até facilita a vida de vocês.



CP -
E quanto aos “jabás”, qual o seu posicionamento?

JE:
Quanto a esse questionamento, o que se discuti em termos éticos e de responsabilidade social é que o rádio é educação. Nós, comunicadores, temos a finalidade de educar, ajudar e orientar as pessoas, não podemos contribuir para o que não presta. Não que tudo que as grandes rádios tocam repetidamente não preste, mas muitas vezes não presta mesmo. As rádios precisam sobreviver e os “jabás” e as promoções ajudam os caixas das emissoras, mas os comunicadores devem saber selecionar com quem trabalhar, mesmo nesse sistema de troca.



CP -
O advento da internet, relacionado com a atuação de um radialista atuante como o senhor, o que significa?

JE:
É maravilhoso o acesso que temos a tecnologia hoje. Com um celular podemos gravar, fazer fotos e vídeos e os nossos próprios ouvintes podem interagir com a gente. Se há 35 anos eu tivesse tido esse acesso, com certeza teria muito mais animação e incentivo para trabalhar com a comunicação.



CP –
Quanto às novas tecnologias, o senhor tem blog, Twitter?

JE:
Blog: HTTP://zeeudo.net/index.html . Esse não é um espaço de notícias diárias. É mais um espaço pessoal em que coloco coisas interessantes e que servem para reflexão. Ainda não tenho o Twitter, mas gosto de acompanhar o Twitter dos colegas.



CP -
Como é enfrentar e lidar com os ouvintes?

JE:
Lidar com o público é a melhor coisa da profissão. Embora eu seja tímido, no ar eu consigo interagir melhor. O rádio tem a magia de que a voz dá margem para as pessoas criarem e ficarem imaginando como seria esse locutor. Se eu pudesse, nenhum ouvinte me conheceria, para não perder esse encantamento que o rádio proporciona.



CP –
O que os estudantes de rádio e TV podem esperar do mercado hoje?

JE:
Espero que agora, com a estreia da Rádio Clube, as outras rádios sigam o seu exemplo e abram as portas para os estudantes, que passem a contratar repórteres para irem atrás de notícias locais e com isso o jornalismo do Estado seja valorizado. As rádios comunitárias também são de extrema importância para os estudantes. É um ótimo local para se trabalhar e se desenvolver na profissão.



CP -
Uma notícia que o senhor gostaria de divulgar?

JE:
Uma notícia que eu gostaria de divulgar, que é uma coisa que me atormenta ultimamente, seria que técnicos e especialistas descobrissem através de estudos que Natal/ RN/ Brasil estariam fora de perigo, que seria impossível sofrermos um abalo sísmico de proporções 6,0 ou 7,0 na escala Richter.


CP -
Quem é José Eudo?

JE:
Sou uma pessoa muito família; religioso, católico praticante; sobrevivo da minha paixão que é o rádio; nunca procurei gancho político para trabalhar para o governo e gosto de trabalhar com o jornalismo popular. Sou um homem de estúdio, não gosto de aparecer e gosto de trabalhar com o jornalismo popular, sempre quis comunicar, trabalhar com o público e para o público.


CP –
E quais são seus projetos profissionais?

JE:
Ainda não quero divulgar nada, mas novidades vêm por ai. Em breve irei trabalhar em uma rádio AM de grande porte.

3 comentários:

  1. parabéns joão ricardo ,pela entrevista uma grande historia de vida no radio norte riograndense,na minha opiniao um dos mais competente proficional no radio ,fico feliz com essas materias que vc vem publicando.parabéns

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  2. parabéns pela entrevista de grande porte .

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  3. GRANDE ZÉ,UM PROFISSIONAL DE MUITO CARÁTER.


    FELIPE DE SOUZA

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