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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

ENTREVISTANDO

SALATIEL DE SOUZA
Apresentador de TV e
ex-vereador de Natal


Salatiel Maciel de Souza tem 37 anos. Casado, pai de dois filhos, evangélico, de origem humilde, foi líder estudantil, começou a trabalhar no rádio em 1992. Cinco anos depois, chegou à televisão, sempre cobrando, reivindicando, criticando e pedindo providências às autoridades para resolver os problemas das comunidades. Em 2004, foi eleito vereador em Natal pelo então PFL. Em 2006, candidatou-se a deputado estadual e não teve sucesso. Chateado com o candidato a governador apoiado pelo partido, rasgou a ficha de filiação e foi para o PSB, liderado pela governadora Wilma de Faria, de onde saiu e retornou à antiga legenda, agora denominada Democratas. Acusado de participar de um esquema que teria comprometido a votação das emendas do Plano Diretor da capital do RN, que ficou conhecido como “Operação Impacto”, ele terminou não sendo reeleito em 2008 e agora espera que a Justiça diga logo quem é culpado e quem é inocente. Salatiel concedeu entrevista exclusiva ao blog “Criando Pauta”, sexta-feira passada, logo depois de apresentar seu programa “Natal Urgente”, na Band Natal.



CRIANDO PAUTA - Recentemente, você cobrou no seu Twitter (www.twitter.com/salatieldesouza) uma definição da Justiça sobre o processo da Operação Impacto, onde seu nome figura como envolvido num esquema onde políticos teriam recebido propina para votar emendas no Plano Diretor de Natal. Você pede providências e se diz injustiçado. É quase um desabafo. Como está a sua situação hoje?

SALATIEL DE SOUZA: Na realidade, soa como um desabafo e uma cobrança da conclusão. Porque nós temos dois anos de uma situação duvidosa, para quem está envolvido, que carece de uma explicação e decisão da Justiça, confirmando ou inocentando as pessoas que estão sendo indiciadas. Então, eu, como alguém que está envolvido nesse caso, tenho que cobrar a celeridade da sua conclusão. Essa situação é muito difícil para mim, não só como político, mas como cidadão. Como um homem de TV que apresenta programa e que foi prejudicado pelo uso negativo da imagem, pelos dois anos de exposição negativa. Um homem que cobra, que reclama, que denuncia, mas que acabou sendo, tanto tempo, envolvido numa situação como essa que parece não ter solução nunca.

CP – E essa situação acaba afetando a sua família também?

SS: Também. Os amigos, a família, as pessoas que me conhecem e sabem da minha história, origem e idoneidade. Eles sabem realmente que não tive nenhuma participação, nenhum envolvimento nisso. Contudo, por mais que essas pessoas acreditem, sempre fica a dúvida. Então, a única maneira de concluir isso é a Justiça se pronunciar de forma devida. Por isso que acredito que já vai tarde essa decisão. Esse caso deveria ter recebido uma certa prioridade, por se tratar de pessoas públicas, políticos, empresários e outras pessoas citadas. Acredito que, talvez, a própria sociedade cobre uma aceleração desse julgamento. Mas nós, que estamos envolvidos, pelo menos eu, me coloco como alguém que deseja essa solução. Infelizmente, entramos em mais um ano sem um veredicto definitivo da justiça. Sou inocente, tenho como provar isso e espero logo uma decisão.

CPE qual será o próximo passo do processo? Tem alguma data marcada para novas audiências?

SS: Se não me engano, ou será no dia 24 ou 26 de março. Mas essas audiências já foram tantas vezes remarcadas, que se tem uma notícia hoje e depois se recebe uma notícia diferente das operações.

CP – E como você classifica essa demora toda? É uma característica da Justiça, ou há algum interesse por trás?

SS: Não acredito que haja algum interesse não. Até porque o juiz que está de posse do processo, Raimundo Carlyle, tem o histórico e a conduta de um homem muito sério e muito justo nas decisões que tem que julgar. O grande problema são os inúmeros processos que ele tem para decidir. Ele é o juiz do “Caso dos Gafanhotos”, da gestão do governador Fernando Freire; tem também o caso dos combustíveis e esses são processos complicados e que envolvem muitas pessoas a serem julgadas. Sem falar das dezenas e centenas de outros processos a serem também julgados por ele e que têm prioridade, por terem sido abertos anteriormente ao da Operação Impacto, que algumas pessoas chamam até de “Operação Espetáculo”, por tantos erros que apresentou e ganhou destaque na mídia. Eu só me coloco como alguém que quer uma decisão rápida porque trata-se da minha vida, não é? Como imagino também que as outras pessoas que possuem processos em andamento queiram também seus casos resolvidos o mais rápido possível. Então, acredito que o juiz tenha dado a devida atenção a esse caso. Só acredito que realmente há um grande acúmulo, tanto para ele como para os demais juízes. E como é uma situação que ele conhece muito bem, pois foi o juiz Carlyle que recebeu a denúncia, conheceu os fatos e que ouviu os primeiros depoimentos, os outros juízes não querem assumir o caso, pois começariam praticamente do zero. Então, imagino que ele vá se debruçar, nesse ano de 2010, nessa situação para que ela possa ser concluída. Pelo menos é o que todos nós esperamos.

CPAté hoje, depois de dois anos da Operação Impacto, deflagrada pela Polícia Civil e Ministério Público, qual foi o momento mais difícil para você como pessoa? Tem um momento que você não esquece de jeito nenhum?

SS: Há vários momentos. Mas o próprio dia em que ela começou foi o que mais marcou. Não chegou a me chocar. Como o próprio nome da operação diz, não me causou um impacto. Mas quando eu soube, estava no restaurante Mangai, tomando café-da-manhã com o jornalista Pinto Júnior, do jornal Parnamirim Notícias, quando uma funcionária minha me ligou dizendo que a Câmara havia sido cercada e estava havendo uma situação lá, onde a polícia estava armada. Então, fiquei sabendo da operação e me disseram que estavam também no meu gabinete. O que eu fiz, de imediato, foi ir para a Câmara, pois não tinha o que temer. Fui lá, me apresentei e me identifiquei, tive acesso ao gabinete e conversei com os policiais que falaram que foram à minha casa e eu teria mudado de endereço. Então expliquei que não, que o meu endereço, há quase dois anos, era na rua Raimundo Chaves, em Candelária. O que imagino que tenha ocorrido foi que a polícia adquiriu o meu endereço de quando fui candidato em 2004 e morava na rua Brasília, no Alecrim. Para você ver que a própria operação em si teve falhas, pois a polícia não poderia ter invadido uma casa que nem era minha e nem ter pego os objetos pessoais de um professor universitário e da sua mulher. Inclusive essa foi uma situação que gerou uma demanda para o governo, os delegados e promotores que realizaram essa ação, porque os policiais apreenderam computador, fitas cassete e outros materiais de uma professora universitária, que apresentaria um trabalho na universidade naquele dia e terminou prejudicada pelo erro da operação. Eu fui o único dos acusados a ir para a Câmara no momento da operação, o único que colocou a cara e deu entrevista à imprensa sem saber muito do que se tratava. Talvez tenha sido até ruim para mim, analisando depois com pessoas que fazem o marketing, trabalham com essa questão da imagem. Talvez isso tenha sido um erro estratégico meu. Porque na hora eu que fui o único a aparecer, na hora em que estava toda a imprensa do RN, eu fui o foco e posso ter sido, teoricamente, caracterizado como o “cabeça” do suposto esquema.


CP - Qual o motivo de você ter ido lá?
SS: Fui lá porque tinha, e tenho, consciência da minha inocência. Tanto que ofereci as chaves do meu apartamento aos policiais, para que fossem até lá e vistoriassem tudo, mas eles disseram que não podiam, porque não tinham determinação judicial. Se dependesse de mim, eles teriam ido lá, entrado e feito o trabalho deles.

CP - E quando você foi se candidatar à reeleição, em 2008, acredita que já foi às ruas como vítima de uma condenação pública por causa dessa acusação? Você acha que essa suspeita tenha influenciado diretamente a sua derrota?

SS: Acredito que sim. Não sei dizer o quanto isso prejudicou, mas não tenho nenhuma dúvida de que prejudicou, pois na primeira vez que me candidatei vereador fui eleito. E eu nunca tinha disputado nenhuma eleição. Então, por que isso? Primeiro pela minha origem, que é muito humilde, e segundo por causa do meu trabalho. Comecei fazendo parte de um grêmio estudantil, depois fui presidente do grêmio estudantil do Winston Churchill, vice-presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (Umes). Depois, fui trabalhar no rádio. O próprio trabalho que a gente desenvolvia nas comunidades através da rádio, desde 92 oficialmente, ajudou bastante a construção de minha imagem. Em 97, comecei na televisão. Acredito que essa minha postura no rádio e como líder estudantil, o trabalho também ligado à igreja, à comunidade evangélica tenham me elegido. Então, fica sendo intrigante. Eu, de uma igreja batista, evangélico, apareço denunciado como corrupto. Isso para o evangélico, para o eleitor que talvez eu tenha conquistado no primeiro mandato, esse voto eu praticamente perdi. Fica na cabeça das pessoas. Eu chego à igreja, com a Bíblia debaixo do braço e as pessoas pensam: olha, ele está aqui com a gente, mas foi acusado pela polícia, pelo Ministério Público de ter recebido propina. Isso pesou nesse eleitor evangélico que é muito crítico. Como pesou também no meu eleitor espontâneo, que é o eleitor que me conheceu na televisão, porque eu tinha uma imagem boa. Eu tinha uma imagem de um apresentador correto, crítico, que denunciava. Tinha uma postura séria, de cobrar, enfrentar e denunciar. Na hora em que apareço como alguém denunciado, alguém que deve explicações graves como essas, essa imagem cai por completo. Contudo, consegui ainda manter a minha imagem e a liderança nas pesquisas até o dia eu que tive um programa de TV, quando perdi isso, porque tive de me afastar por causa da legislação eleitoral, acabei perdendo o meu palanque, a minha tribuna de defesa e passei a ser apenas alvo de acusações. A gente fazia caminhadas, pedia votos, explicava aos eleitores, mas logo depois vinham 240 outros candidatos também pedindo voto e dizendo que eu e os outros vereadores acusados éramos ladrões, corruptos. Foi muito complicado. A própria polícia disse que eu e outros vereadores estávamos no apartamento do vereador Emilson Medeiros repartindo o dinheiro que tínhamos recebido da propina. Se eles sabiam disso, se estavam com meu telefone grampeado, com autorização judicial, há quinze dias, quero saber o porquê não entraram lá e prenderam todo mundo em flagrante.


CP - O que você acha que houve?
SS:
Não entendo isso. Quando a Polícia Federal acompanha um caso, faz uma investigação, vai lá, invade e prende os criminosos. Nesse caso, a Polícia Civil diz que sabia de tudo e não prendeu ninguém em flagrante. Repito: até hoje, nunca provaram nada contra mim e não vão provar, porque sou inocente.

CP - Sua saída do PFL, que foi um pouco conturbada, pode também ter influenciando na sua derrota. Por que você mudou de partido?

SS: Quando me candidatei a deputado estadual em 2006, ainda pelo PFL, hoje Democratas, foi exatamente daí que fiquei magoado, não digo com o partido, mas com o candidato que seria votado pelo partido. Eu defendia que o PFL tivesse um candidato próprio, José Agripino. Nunca defendi que fosse Wilma ou Garibaldi. Eu acreditava que era um erro estratégico terem apoiado Garibaldi. Então, quando o partido decidiu apoiar Garibaldi, eu vinha de uma situação difícil com ele, passei quatro anos praticamente fazendo oposição e denúncias na TV contra o seu governo, acusado de escândalos na merenda escolar, o Caso Gusson... Tantas situações envolveram o governo Garibaldi e eu sempre estava ali para denunciar e criticar. Então, de uma hora para outra, eu estava agora no palanque, apoiando Garibaldi, mesmo depois dele ter me processado 66 vezes e eu ter ganhado todos. Isso me deixou constrangido. Mas como eu fui voto vencido, tive que acompanhar meu partido. Contudo, eu não tive o apoio do PFL nessa minha campanha para deputado estadual e como eu não sou de família conhecida, nem tinha dinheiro para bancar minha campanha, perdi. Bati na trave. Eu sabia que tinha tudo para chegar, mas faltava um complemento e foi esse complemento que não tive do meu partido. Fui até Garibaldi, levando pelo vereador Geraldo Neto, e Garibaldi prometeu que me deixaria falar nos palanques, que me daria material para a campanha, mas não deu nada disso. Eu não queria tratamento diferenciado, mas queria que a coligação ajudasse todos os candidatos de forma igual. Depois, soube que quem mandava em tudo era o deputado Henrique e que Garibaldi só balançava a cabeça, não mandava em nada. Falei com Henrique, mas também não recebi ajuda nenhuma. Então, eu saí do partido de oposição, fui para o do governo, o PSB, depois de uma articulação do deputado Rogério Marinho para levar-me ao partido da governadora Wilma de Faria, mas sempre fiz oposição. Nunca fui governo. Nunca fui da bancada de situação de Carlos Eduardo (ex-prefeito de Natal, à época do PSB, hoje filiado ao PDT) e nunca tive algum acesso ao governo do Estado. Isso pode também ter confundido o eleitor.

CP- Quando você falou agora que o eleitor não entendeu e por isso não lhe acompanhou. Como você analisa essa situação do político que muda de partido várias vezes? Como que a cabeça do eleitor funciona com isso?

SS: Olha, o que tem que mudar é a postura dos políticos. Porque você veja como é complicado. Eu me filiei ao PFL em 2003. Me candidatei em 2004 e ganhei a eleição. Então, o meu partido, que sempre esteve em lado oposto ao de Aluízio Alves, de uma hora para outra estava junto agora. E aí, nós que somos “pequenos”, tivemos que acompanhar o líder, que era José Agripino, porque se não acompanhamos somos chamados de traidores e foi isso que aconteceu. Eu fiquei magoado com o partido, mas procurei Agripino e conversei com ele. Expliquei e mostrei que não tive o devido apoio e ajuda do PFL em minha campanha. E disse que não votaria em Garibaldi, pois não concordava com a postura dele. E disse que votaria em Wilma, pois já havia sido procurado por Rogério Marinho que fez essa ponte entre mim e o PSB. Me reuni com um grupo de amigos e coloquei em votação se eu deveria votar em Wilma ou Garibaldi. Das 16, 17 pessoas que se encontravam lá em casa, apenas dois disseram que eu deveria votar em Garibaldi. Eu não queria sair do partido, mas Agripino entendeu que Wilma fez como forma de apunhalá-lo, pois eu era uma pessoa da casa de dentro do PFL. Então, a partir daquele momento eu deixaria de ser funcionário da empresa de comunicação dele (TV Tropical, onde Salatiel apresentava uma programa diário). Os eleitores agripinistas passaram a me criticar. Então, é realmente uma confusão para o eleitor entender essas mudanças partidárias. É muito complicado, porque dizem que a política é o momento e isso acaba fazendo com que o aliado de hoje , na campanha seguinte, passe a ser seu adversário e aquele que era criticado, denunciado, passe a ser o seu “melhor amigo”. Então, é muito complicado colocar isso na cabeça dos eleitores e explicar o porquê dessas mudanças e alterações. Isso agregado com a imagem negativa da Operação Impacto, realmente, eu imagino, que nós fomos até heróis de conseguir quase três mil votos.





CPSalatiel, então quer dizer que política é a prática da demagogia? Você se coliga a um partido, dizendo que vai seguir os ideais dele, mas na realidade é só por um jogo de interesses?

SS: Olha, que tem demagogia, tem. Seria até demagogia minha afirmar que não tem. Isso pode ocorrer em qualquer partido. O que a gente entende, e nesse caso eu me coloco como alguém que terminou se envolvendo numa situação como essa, na realidade, não foi demagogia, foram situações como eu coloquei. Eu fui pro PFL e me elegi em 2004. Cumpri meu dever como afiliado de acompanhar um candidato que eu não queria, tive que engolir isso. Vou ao meu líder comunicar que não estava satisfeito com o tratamento que tinha recebido de Garibaldi na campanha. Então, as pessoas começaram a me criticar dentro do partido e naquela ocasião restou só Wilma para eu votar e ela assumiu um compromisso comigo, me convidou para ir para o partido dela. Um partido que estaria mais próximo da minha origem de militante estudantil, um partido de esquerda, outra característica diferente do partido da frente liberal. Contudo, se você pegar qualquer estatuto, seja do PFL, PT, PC do B, PV, muda praticamente a sigla. A ideologia, a teoria, as propostas são praticamente as mesmas. Demagogia? Não, não acredito. Acho que demagogia seja mais quando o político quer enganar, quer iludir o eleitor para conquistar o voto. Que existe muito na política, o que é muito usado, você prometer o que não vai cumprir. Isso é demagogia, prometer um emprego a uma pessoa sabendo que você não poder dar.

CP – Você foi convidado para algum cargo no governo Wilma de Faria?

SS: Havia um acordo. Eu assumi o compromisso de votar em Wilma e ela disse que eu faria parte do seu governo. Primeiro, disseram que eu ia ocupar a presidência da Datanorte. Depois, seria fui presidente do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem), de uma hora para outra já não era mais presidente do Ipem. Terminei não sendo presidente nem de um nem de outro. Mas participei, juntamente com Rogério Marinho, de projetos ligados as comunidades, discutindo com as pessoas o que elas realmente estavam precisando. Queríamos aplicar aquele projeto, realmente, na prática para não ser algo demagógico, algo que o cidadão realmente queria e necessitava. Rogério Marinho era o nome para ser candidato a prefeito de Natal e eu defendia isso. Chega 2008, e a governadora, que me incentivou e estimulou dentro do partido, faz um “acordão” com o PT e o PMDB e vem lá o pacote de Lula, Fátima Bezerra foi a candidata para gente ter que balançar a cabeça, coisa que fiquei contra e tive que peitar Wilma. Eu tinha acabado de chegar no partido, me filiei ao PSB em 2007, tentava criar uma identidade nele, mas já estava batendo de frente com as decisões da presidência desse partido. Com isso, o eleitor desse partido já passou a antipatizar comigo, já passou a me condenar. Então, praticar uma política de pé-no-chão, indo de casa em casa e apertando as mãos da pessoas acaba sendo frustrante olhar no olho do eleitor e o ouvir dizer que antes você estava do lado de um e que já passou para o lado de outro. E aí? Não é fácil explica isso para as pessoas. Não adianta dizer que não fui eu, que eu não queria e que foi uma decisão do partido. É muito difícil fazer política desse jeito.

CP – Agora, que voltou ao partido de José Agripino, você, que diz que essas mudanças mexem tanto com a cabeça dos eleitores e dos políticos, sua cabeça, como que fica? Você vai permanecer para sempre no DEM? Vai aceitar tudo o que seu partido quer? E vai deixar de ser tão contestador? Como vai ser seu comportamento daqui pra frente?

SS: As pessoas sempre têm essa fase de incendiário e de bombeiro. No momento, me encontro na minha fase de bombeiro. E isso vem com o tempo, com a maturidade adquirida. A gente passa a aprender com os erros. Você erra a primeira vez querendo acertar, que foi o meu caso. A segunda, a terceira vez, você só erra se quiser. E eu na realidade, quando retornei ao PFL, retornei com essa perspectiva, de chegar no partido e permanecer nele. Reconhecendo esse meu erro estratégico. Esse meu erro de postura, mesmo achando que tinha alguns motivos pra chegar a esse ponto, mas tive que dar a mão à palmatória. Reconheci que errei, pedi perdão e pedi para reconstruirmos um partido novo, uma relação nova, de confiança. Tentando buscar, cada vez mais esse equilíbrio, esse bom senso que a maturidade nos traz. Claro que ninguém vai conseguir chegar a 100%, principalmente na política, porque quando você entrar na política passa a escutar dos adversários e inimigos que é bandido, ladrão, corno, homossexual. Isso é a primeira coisa que ocorre quando alguém se candidata, pois partido é como time de futebol, cada um tem o seu. É lamentável, mas é o que ocorre. Contudo, com esse novo espírito do partido, eu fui muito bem recebido por José Agripino, e entenderam que eu não fui o único que cometi erros. Nós cometemos erros, mas o principal é termos a humildade de reconhecermos que erramos, tentar corrigir e buscar não cometer novamente no futuro.

CP - E o futuro de Salatiel de Souza como político, qual é? Você vai ser candidato quando e para quê?

SS: Candidato a provar a minha inocência no caso da Operação Impacto, essa é a minha meta.

CP – Então, só depois disso que você pretende se candidatar novamente a um cargo eletivo?

SS: Talvez, um dia. Eu, na realidade, sou um animal político. Eu vivo a política 24 horas por dia. Eu gosto de política, mesmo sem ter um mandato. Eu tenho vida partidária; vou, no mínimo, duas vezes por semana à sede do meu partido. Continuo envolvido, ainda, com as comunidades aqui em Natal. Tenha atuado, fortemente, na zona Oeste de Natal, onde hoje estou residindo na Cidade da Esperança, onde tenho muitos amigos e parentes morando. Tenho participado da busca de continuar na televisão e agora também no rádio (Rádio Clube AM, das 8 horas ao meio-dia) , voltando a minha origem no rádio. E retomar a minha vida de comunicador, de apresentador, de radialista, fortalecer essa minha imagem, que foi tão abalada. Eu acredito que esse ano de 2010 será muito positivo para que a gente possa retomar essa credibilidade, a audiência e a confiança do ouvinte e do telespectador. A hora em que eu conseguir isso, eu ainda tenho muito chão pela frente, se Deus quiser, então, poderei pensar em disputar algum cargo. Mas também não levo isso como uma meta de vida.

CP - E com toda essa convicção, que você é realmente inocente dessa acusação de envolvimento na Operação Impacto, o que você dirá a sua mulher e a seus filhos quando tudo isso acabar?

SS: Agora, você me pegou. Tenho certeza que eles não têm dúvida da minha inocência, pois me conhecem. Vou dizer que consegui (voz embargada).

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