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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ENTREVISTANDO

RONALDO PEREIRA DE ARAÚJO
Diretor administrativo do Horto Florestal
Parque das Serras - Natal - RN

Ronaldo Pereira de Araújo, diretor administrativo do Horto Florestal Parque das Serras, trabalha há 19 anos com as plantas e o reflorestamento. Começou seu trabalho no Horto Florestal Parque do Pitimbu. Em seguida, entrou em parceria com o Parque das Serras, localizado na primeira etapa do conjunto Satélite, zona Sul de Natal, e em menos de três meses assumiu a diretoria administrativa. Contudo, começou a perceber que não adiantava só produzir plantas nativas e doar. Era interessante também preparar as pessoas para cuidar do meio ambiente. Foi quando o horto começou a receber estudantes e ele, com outros voluntários, passaram a ensinar a importância das águas, da arborização, do reflorestamento, ou seja, a importância da preservação ambiental para as crianças. Ronaldo trabalha também na Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Rio Grande do Norte, onde fez curso de Crimes Ambientais. Ronaldo falou com exclusividade ao Criando Pauta. Confira a entrevista à repórter Silvia Correia.

Criando Pauta - Como surgiu a idéia da criação do Horto Florestal Parque das Serras?
Ronaldo Pereira: Surgiu devido à preocupação da ONG Instituto Reação Periférica com o meio ambiente. Então, realizamos um acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal (Semurb), através de Kalazans Bezerra, e o lixão que encontrava-se na região do corredor ecológico transformou-se no Horto Florestal Parque do Pitimbú e Parque das Serras.

CP - O que é um horto florestal?
R
P: É um trabalho voluntário de militância, criado no dia 2 de março de 1991. Ele é uma associação que funciona como uma ONG, pois tem trabalhos de conscientização ambiental dentro das escolas e que agora terá todas as suas ações direcionadas com a rede ambientalista, que hoje possui uma força maior.

CP - E por que as associações ambientalistas possuem uma força maior hoje em dia?
RP: Porque antigamente, quando se destruía uma área, nós ambientalistas, íamos tentar impedir impulsionados apenas pela paixão. Hoje, possuímos um conhecimento técnico e jurídico mais apurado e com isso podemos argumentar mais com maior credibilidade. Continuamos com a mesma paixão de antes, mas com os pés no chão e apoiados por leis, como a da Mata Atlântica e a dos crimes ambientais.

CP - Como o horto é mantido financeiramente?
RP: Por mim e pelo trabalho voluntário de outras pessoas.

CP - E existe algum incentivo do governo?
RP: Não. É tudo trabalho voluntário, que agora está se encaminhado para as parcerias.

CP - E os eventos que acontecem no horto são remunerados?
RP: Não, não. São eventos gratuitos e beneficentes.

CP - Quais os projetos futuros para o horto?
RP: Estamos com um projeto para esse ano, de fazermos uma escolinha no horto com aulas de técnicas de marcenaria, jardinagem e paisagismo, para tirar as crianças das ruas. Temos também todo um material para iniciar uma ação na questão da poluição do rio Pitimbu. E as trilhas também estarão retornando esse ano. Está prevista uma para ser realizada por todo o rio Pitimbu, de Macaíba a lagoa do Jiqui.

CP - Quando começou a preocupação com o prolongamento da avenida Prudente de Morais, que recentemente foi embargado e, agora, a justiça federal autorizou a continuação da obra? Quando que começaram a se envolver mesmo com a questão?
RP: Para falar sobre isso temos que recordar um pouco. Essa obra foi iniciada em 2002, mas descobriram que esse projeto não poderia ser concretizado, porque causaria um impacto ambiental muito forte, por ser uma área de lençóis freáticos, que tinha dunas e era uma área protegida por leis, inclusive federais, e por causa do rio Pitimbu, que é ele que abastece a lagoa do Jiqui. Então, isso virou uma grande preocupação, porque depois de um tempo os administradores da obra desarquivaram o processo e colocaram como se estivesse tudo legalizado, o que não era verdade. E então, o já mencionado acordo realizado com a Semurb foi descumprido pelo Departamento de Estradas e Rodagens (DER), o que gerou a denúncia do nosso Instituto.

CP - Qual a equipe que está à frente contra a continuação dessa obra?
RP: A nossa equipe é composta por diversas ONG’s como: o Horto Pitimbu e Parque das Serras; o Instituto de Reação Periférica (que iniciou esse processo); a Associação Potiguar dos Amigos da Natureza; a ONG Baobá; o Pró-Pitimbu; a Associação Potiguar de Defesa à Cidadania e outras que no momento não estou lembrando. Possuímos uma grande equipe que, pela primeira vez, está fazendo um trabalho articulado e pretendemos continuar assim.

CP - E quais as principais dificuldades no início desse processo?
RP: No início, muitas pessoas foram contra a nossa denúncia, pois acreditavam que era só “pirraça”, não davam muita crença e as autoridades não repassavam os documentos para nosso Instituto. Contudo, ao levarmos o promotor desse processo para ver a região desmatada, da biosfera da Mata Atlântica, a gravidade dessa obra foi comprovada.

CP - Qual a justificativa utilizada pelos empreiteiros dessa obra para iniciá-la?
RP: A região dessa obra estava, no documento, caracterizada como um tabuleiro costeiro e não como uma reserva de Mata Atlântica. Contudo, depois foi comprovado que realmente se trata de uma área de Mata Atlântica, inclusive mata atlântica primária, devido à descoberta de um pau-brasil de mais de 120 metros e mais de cem anos. Além do pau-brasil, foi descoberta também, pela bióloga e especialista nas águas interiores, a existência de dois pássaros em extinção: Chorozinho-de-Papo-Preto (hiperpercilochmus) e o Jucu-de-barriga-castanha (Penelope Ochrogastes) e só são encontrados nessa região, pois interagem diretamente com mata atlântica e o rio Pitimbu. Você destruir um é a mesma coisa que destruir o outro, automaticamente.

CP - Quais os principais impactos causados por essa obra?
RP: Além da destruição da vegetação, da impermeabilização do rio e o prejuízo na climatização, essa obra causará um grande impacto no trânsito. Não irá prejudicar tanto quem vem pela Prudente de Morais. Quem sofrerá mais serão os moradores das primeiras e segundas etapas do conjunto Cidade Satélite.

CP - Vocês tinham conseguido parar essa obra. Contudo, devido à cassação da decisão do Ibama pelo juiz Marcos Bruno de Miranda Clementino, a obra foi reiniciada. A quê você atribui a reaprovação dela?
RP: Aos interesses políticos e financeiros do Estado, só na Copa serão investidos 400 milhões de reais. E enquanto todo mundo está lutando para preservar essa reserva natural, que segundo a Constituição é um patrimônio nacional e pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) é considerada patrimônio da humanidade. Tanto a situação quanto a oposição estão interessados na continuação dessa obra. Claro, pessoas compraram casas nessa área e serão beneficiadas.

CP - Falando em Copa do Mundo, será que o Comitê organizador do evento aprovaria uma obra como essa?
RP: Não. Eles são muito corretos e exigentes nessa área e principalmente o presidente Lula que, segundo ele, defende a todos os custos essa questão da Mata Atlântica. E é até engraçado, porque com que moral ficará o presidente, frente aos Estados Unidos, cobrando para eles pararem de poluir, se o Brasil está sendo conivente com a destruição ambiental? Portanto, se esses documentos chegarem às mãos do Comitê, corre até o risco de Natal deixar de ser sede da Copa.

CP - Então, por que não denunciar?
RP: Nós estamos segurando porque queremos que a Copa venha, devido aos investimentos que virão para cidade de Natal.

CP - Ronaldo, qual seria então o objetivo de vocês? Realmente parar a obra?
RP: Não. Estamos cobrando desde o início, como colocamos na Assembleia Legislativa, somos contra a obra da Prudente. Sabemos que Natal tem uma necessidade urgente nessa questão de transportes. Nós só não abrimos mão da Mata-Atlântica, mesmo eles tendo desmatado uma grande parte, em cinco a dez anos ela se reconstituirá e estará quase toda fechada. Agora, para ela chegar ao estágio que ela está hoje, é em torno de cem anos.

CP - Qual mensagem você deixaria para o governo do Rio Grande do Norte e para as pessoas envolvidas nessa obra?
RP: A mensagem que deixo é para a conscientização dessas pessoas. O que eles estão fazendo é um crime ambiental e a própria natureza dá uma resposta, como os desmoronamentos, a falta de água. Isso é perigoso e preocupante, sem falar que a cidade de Natal corre o risco de deixar de ser sede da Copa e ninguém quer isso. Devemos ter em mente que proteger a vida é fundamental e devemos salvar nossas reservas naturais e proteger um pouco mais a humanidade.








2 comentários:

  1. Oi Editorial do Criando Pauta e amiga Silvia Correia, gostaria de fazer algumas correção que é fundamental para melhor compreensão!1º O Horto Florestal Parque das Serras, Foi fundado em 02/03/1991, por iniciativa do Professor José Ramos Coelhos e Kalazans Lousar Bezerra da Silva e outros companheiros, em um terreno baldio que servia com lixão; 2º Um Horto é um local onde produz e/ou reproduz, mudas, no caso deste horto em questões, Plantas nativas visando reflorestamento, também produzimos fruteiras e plantas ornamentais; 3º O horto trabalha com Educação Ambiental juntos as escolas e atravém deste trabalho celebramos uma Parcerias com o Instituto Reação Periferica, onde assumir a função de Coordenador Ambiental, e por causa da Denuncias das Irregularidades da Via Metropolitana (Prolongamento da Prudente de Morais) Formamos a Rede Ambientalista Protiguar-RAP (formada por Instituto Reação Peliferica, Horto Florestal Parque das Serras, Assoc. Potiguar dos Amigos dos Amigos da Natureza-ASPOAN, Assoc.Potiguar de Defesa da Cidadania-APDC, Ong Baobá, Mov. Pró Pitimbu, SOS Mangue, Sociedade Terra Viva-STV Brasil,...); 4º O Horto Florestal Parque do Pitimbu, foi o horto que eu trabalhei e no momento ele não está fazendo parte da Rede Ambientalista Potiguar. Gostaria de agradecer o espaço um Abraço do Amigo .

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  2. Gostaria de saber se a o horto disponibiliza mudas para eu arborizar minha residencia

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